Por que uma pessoa que esteja fazendo uma apresentação pode ser vista como “simpática”, “antipática”, “arrogante”, “insegura”, “dominadora”, etc.? Como você gostaria de ser percebido durante suas apresentações?
Embora as respostas a essas perguntas possam variar, sabe-se que nossa aparência física, nossos movimentos, gestos, postura, modulação e intensidade de voz e dicção são alguns dos elementos responsáveis pela formação de nossa imagem. A essa modalidade de expressão da linguagem chamamos comunicação não-verbal.
Em situações de apresentação em público, a comunicação não-verbal pode chegar a representar até 80% de toda a mensagem. Quando falamos em comunicação não-verbal, não estamos nos referindo a um “conjunto de acessórios” do processo comunicativo, mas sim a signos que reforçam a comunicação verbal, permitindo a expressão de intenções, facilitando a transmissão da mensagem, enfim, marcando nossa presença social.
Portanto, podemos afirmar: há significado sem palavras.
O corpo em movimento – Cinésica
O termo cinésica origina-se do grego kinesis, significa “movimento” e designa o estudo do comportamento comunicativo do corpo humano. O termo cinésica social é uma disciplina que descreve os movimentos do corpo e suas funções no contexto das interações sociais, referindo-se, portanto, à emissão e recepção de “mensagens silenciosas”. A cinésica possui componentes individuais e culturais, isto é, a linguagem corporal varia de indivíduo para indivíduo e de cultura para cultura.
Há movimentos que parecem ser os mesmos em todos os lugares do mundo, mas há outros que são muito particulares de um determinado local ou região. Além disso, a cinésica enquanto elemento do processo comunicativo, sofre influência do contexto ao qual emissor e receptor estão inseridos (local, momento, circunstâncias, situação social).
O fluxo cinésico da interação social envolve meneios de cabeça, piscar de olhos, movimentos de queixo e lábios, variação na posição do tórax e dos ombros, movimentos de braços, mãos, dedos, pernas e pés. Todo esse fluxo ainda pode ser analisado e percebido levando-se em consideração sua intensidade, amplitude e rapidez. Em situações de fala em público, cada uma dessas três variáveis apresenta uma interpretação:
- intensidade – está relacionada ao grau de contração realizada e indica o nível de tensão do emissor.
- amplitude – refere-se à extensão do movimento realizado e é dá indícios sobre algumas características pessoais do emissor, como por exemplo: timidez (movimentos limitados), descontração (movimentos “normais”) ou excesso de desinibição ( movimentos muito amplos).
- rapidez – tem relação com o tempo de realização de um gesto, indicando o nível de auto- controle do emissor. Por exemplo: movimentos rápidos podem indicar nervosismo, movimentos lentos podem indicar despreparo, insegurança, movimentos ágeis podem indicar segurança e domínio.
É possível dizermos que há uma “educação não-verbal”, aprendida de 3 formas básicas:
- Aprendizagem formal = é o que nós chamamos de “bons modos” e nos dá parâmetros para usarmos nosso corpo socialmente. Desde criança aprendemos, por exemplo, que não podemos andar pelas ruas sem roupa; uma criança aprende que não deve “colocar o dedo no nariz” ou arrotar à mesa. Certamente essas noções de “certo” e “errado” são influenciadas pelo grupo cultural ao qual a pessoa pertence.
- Aprendizagem informal = compreende aqueles padrões de comportamentos aprendidos através da imitação e da observação, marcados fortemente por aspectos culturais. Por exemplo, nós não medimos a distância que mantemos em relação ao nosso interlocutor durante uma conversa, porém “sentimos” se o espaço mantido é confortável ou não. Entre os árabes, a gesticulação é feita com a mão direita e não com a “impura” mão esquerda. Os norte-americanos manifestam certa aversão por abraços efusivos, beijos no rosto, pois consideram que essas expressões de convívio social sejam “primitivas”.
- Aprendizagem técnica = compreende um conjunto de técnicas que proporcionam um melhor desempenho em situações de exposição em público.A partir do exposto, procure observar a eficácia de sua comunicação não verbal durante as apresentações que realiza, lembrando-se sempre de que a linguagem não verbal deve reforçar a mensagem falada, gerando um resultado melhor.
Rosângela Curvo Leite
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