É importante diferenciar a aprendizagem formal da informal no ambiente de trabalho, uma vez que existem várias abordagens para caracterizar cada uma delas. Vamos considerar que a aprendizagem formal está vinculada à sala de aula convencional, treinamentos estruturados, cursos, certificados e avaliações. Enquanto isso, a aprendizagem informal se relaciona ao que é aprendido no ambiente profissional, com pouca interferência da organização, auto direcionada, focada nas escolhas, intenções e preferências dos envolvidos.
O desafio é pensar em estratégias para otimizar os ganhos da aprendizagem informal nas organizações. Tais estratégias têm como base os conceitos de active learning (aprendizagem como resultado da participação); social learning (aprendizagem colaborativa); lifelong learning (aprendizagem contínua como um hábito a ser cultivado); comunidades de aprendizagem (a aprendizagem deve ser fundamentalmente uma experiência social).
A grande contribuição de levar estratégias de aprendizagem informal para o ambiente de trabalho é o desenvolvimento de um mindset de aprendizagem que pode ser ampliado até se tornar uma cultura de aprendizagem. Espontaneidade, ausência de avaliação, elo com interesse e necessidade pessoal, liberdade de escolha são fundamentais para que as pessoas possam colher experiências enriquecedoras.
As principais características da aprendizagem informal são:
- Inclui baixo nível de estresse: não envolve avaliação e nem atividades de alta pressão;
- Flui juntamente com o trabalho: as atividades podem se encaixar perfeitamente em um dia comum. As pessoas aprendem e crescem na medida em que têm insights sobre como superar obstáculos que enfrentam no dia a dia;
- É intuitiva: as pessoas aprendem entre si, de forma orgânica;
- Encoraja a curiosidade: as pessoas se sentem livres para irem em direção a seus interesses, mesmo se, aparentemente, eles não parecerem ter relação direta com o trabalho.
A aprendizagem informal coloca forte ênfase no encorajamento dos colaboradores para ampliarem seus repertórios, adquirindo conhecimentos e habilidades que os ajudarão a se engajarem mais e a encontrarem diferentes formas de abordar antigos e novos desafios. Os formatos podem ser variados, incluindo vídeos, autoestudo, leituras, salas de conversas, fórum de discussão, sessões de mentoring, programa de voluntariado, palestras com convidados externos, jogos.
Um ponto importante a ser destacado é que, para que a aprendizagem informal tenha sucesso e seja incorporada na organização, é necessário um planejamento amplo e adequado. Esse planejamento começa com um olhar sobre o plano atual de desenvolvimento dos colaboradores, passando pelos objetivos gerais do negócio, sempre com total apoio da alta liderança.
Nesse sentido, o RH deve ser o catalizador das iniciativas. Abaixo, algumas listamos algumas sugestões.
Recomendações para que a aprendizagem informal aconteça:
- Analise as estratégias de aprendizagem atuais e identifique as “fraquezas”
- Envolva a alta liderança no planejamento da aprendizagem informal (o incentivo deve vir de cima para baixo);
- Elabore um plano de divulgação e engajamento;
- Destaque a aprendizagem como uma prioridade;
- Pesquise junto aos colaboradores o que eles gostariam de aprender;
- Empodere os “especialistas” a pensarem nos conteúdos que eles poderiam compartilhar;
- Inclua tempo de aprendizagem na rotina de trabalho;
- Selecione atividades que fomentem a coletividade, que sejam interessantes, significativas e “divertidas”
- Invista na continuidade (frequência) para que a aprendizagem se torne um hábito;
- Valorize os colaboradores que se engajarem;
- Proponha a criação de uma “biblioteca” de aprendizagem, salvando os conteúdos e materiais compartilhados.
Organizações que aprendem precisam unir todas as “pontes” de aprendizagem, mesclando diferentes estratégias e formatos. É assim que se constrói e se fortalece a verdadeira cultura de aprendizagem.
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*Tema da palestra ‘Informal Learning para organizações que aprendem’ que será apresentada no CBTD 2019 (Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento) por Rosângela Curvo Leite.
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