Em uma apresentação em público, a audiência, inevitavelmente, faz avaliações, interpretações e, assim, cria imagens a respeito do apresentador. Por isso, o comportamento e a comunicação durante uma apresentação em público interfere diretamente na imagem a ser formada.
Um aspecto da comunicação verbal que deve ser levado consideração sempre é o uso correto da língua portuguesa. Ainda que seja uma exposição mais informal e “amigável”, a linguagem merece cuidado e deve ser usada de forma precisa. Isso significa ser fluente, escolher palavras adequadas e demonstrar domínio no vocabulário.
Veja 5 falhas na linguagem que devem ser evitadas em uma apresentação em público:
1. Prolongamentos
Ãah, éééh… Essas são vogais ditas de maneira prolongada para preencher o vazio entre uma palavra e outra. Deve-se evitar fazer prolongamentos, pois eles quebram o ritmo da apresentação, podem sinalizar falta de domínio do assunto ou falha no planejamento. Para evitar prolongamentos ou “brancos”, ensaie a apresentação e planeje como será feita a transição entre as ideias.
2. Estereótipos de apoio
“Né”, “tá”, “ok”, “certo” são alguns exemplos de expressões típicas da comunicação oral, mas que, se faladas repetidas vezes em uma apresentação em público, tornam-se estereótipos de apoio e passam a chamar mais atenção do que a própria mensagem (provavelmente, as pessoas contarão quantos “nés” o apresentador falou, mas não saberão resumir o conteúdo da mensagem apresentada).
Qualquer palavra usada repetidamente, a cada começo ou fim de frase, vira um estereótipo de apoio. Pode ser “aí”, “assim”, “tipo assim”, “no caso”, “então”. Preste atenção na sua fala no dia a dia para evitar qualquer repetição excessiva durante uma exposição em público.
3. Vícios de linguagem
– Gerundismo: construções como “vou estar falando” ou “estarei falando” (sentido de futuro) são usos errados do gerúndio. Troque por “vou falar”, “falarei”. O gerúndio só pode ser utilizado se indicar uma ação contínua, no presente: “estou fazendo um treinamento”.
– “A nível de”: essa combinação de palavras está errada. Em vez de dizer “o problema é a nível de qualidade”, diga “o problema é de qualidade” ou “o problema é do setor de qualidade”.
– “Onde”: só pode ser usado para se referir a lugares, como em “a cidade onde moro”, “a empresa onde trabalho”. Cuidado com frases como “o problema de crédito pessoal foi identificado onde deve ser resolvido”. Nesse caso, “onde” está sendo usada de maneira incorreta, pois não se refere a um espaço físico.
– Futuro do pretérito: use “seria”, “faria”, “indicaria” se estiver se referindo a algo hipotético. Há quem diga “minha apresentação seria sobre meio ambiente” ou “vou falar sobre o que seria um sistema de informática”, quando o correto é “minha apresentação é sobre meio ambiente”, “vou falar sobre o que é um sistema de informática”. Afinal, não há hipóteses nessas frases e sim certezas.
4. Erros gramaticais
Um apresentador que comete erros gramaticais, principalmente no uso das concordâncias verbais e nominais, pode passar uma imagem negativa ao público: a de que não domina a língua portuguesa. E, como a forma de usar as concordâncias é um indicador de nível de instrução, a credibilidade do apresentador pode ser colocada em xeque. Não deixe de revisar também os conteúdos escritos (slides, banners) que podem ser usados na apresentação.
5. Palavras imprecisas
– “Coisa” e “cara” são exemplos de palavras ditas frequentemente em apresentações – das mais formais às mais informais. São termos genéricos e bastante usados no dia a dia, mas passam uma imagem de extrema informalidade e generalizam a informação. Evite se referir a um projeto, uma ideia, como “uma coisa” ou falar sobre um cliente, um colaborador ou um diretor como “o cara”.
– “A gente/nós”: sempre especifique a quem se refere o “a gente” ou o “nós”, complementando a informação: “a gente que faz muitas apresentações”, “a gente da área de qualidade”, “nós da área de RH”. Dessa forma, o receptor sabe a que se refere o “a gente”, o “nós”, caso contrário, a mensagem pode se tornar ambígua e imprecisa.
– Diminutivo: o uso desse recurso pode significar a infantilização ou o desprezo em relação a uma ideia: “esse processinho”, “essa listinha”, “essa equipezinha”. Como infantilizar ou menosprezar uma informação não é valorizado em uma comunicação em público, evite usar o diminutivo.
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