A EdTech Conference 2018 trouxe muita gente interessante, infinitos conteúdos e reflexões – sobre nós mesmos, sobre o futuro do trabalho, do país, sobre a educação básica e corporativa. Empreendedores, consultores, executivos, diretores juntos ouviram e falaram sobre a junção ‘educação + tecnologia’.
Aliás, o primeiro aviso aos navegantes: desenvolver tecnologias para a área de educação significa trabalhar com educação, e não com tecnologia. Quem pensa e age com foco na tecnologia provavelmente não entenderá as reais necessidades e não sobreviverá nesse mercado – disseram vários representantes de edtechs.
Aqui, um resumo do que mais ouvimos na EdTech Conference 2018:
Se houve uma unanimidade nos slides foi o dado do Fórum Econômico Mundial que mostra que “65% dos alunos que iniciam a educação primária trabalharão com ocupações ainda inexistentes”. Esse número apareceu pelo menos umas 10 vezes ao longo do evento. E sim, a tecnologia vai “roubar” vários postos de trabalho. Haverá menos emprego e – atenção aqui! – mais competências sendo demandadas. Por isso, a reflexão que deve ser feita não é “vou perder meu emprego?” e sim “como posso aprender cada vez mais e desenvolver novas competências?”.
As soft skills continuam no centro das conversas.
O que se percebe é uma grande ansiedade e quase um clamor para que as habilidades comportamentais sejam debatidas e desenvolvidas desde cedo, ainda na infância.
E para isso, precisamos dos professores e das escolas, que têm (mais esse) desafio e responsabilidade de proporcionar ambientes capazes de fomentar nas crianças e adolescentes comportamentos ligados a inteligência emocional, resiliência, comunicação, criatividade, resolução de problemas (não somente matemáticos!) e até mesmo liderança. O problema é que o mercado quer profissionais flexíveis e inovadores, enquanto as escolas, por enquanto, valorizam alunos disciplinados e silenciosos…
Mais à frente, inevitavelmente, tais lacunas caem nos colos das empresas.
Tanto que elas investem e continuarão investindo em programas e treinamentos corporativos focados em soft skills. Aqui, a tecnologia entra como uma aliada para tornar “momentos de aprendizagem” (e não cursos!) mais escaláveis, acessíveis, atraentes e simplificados fora de salas de aula convencionais. Mas, vale lembrar que gerar momentos de aprendizagem, e não apenas promover cursos, passa necessariamente por uma profunda reflexão sobre a cultura organizacional.
Do professor (nas escolas) e do instrutor (nas empresas) se espera o que já sabemos: um papel de mediador; de alguém que faz perguntas, em vez de dar todas as respostas; que mostra caminhos, sem afirmar quais devem ser seguidos; que indica conteúdos, em vez de impor o que deve ser aprendido. A esperança é que assim formaremos mais seres pensantes.
Em T&D, “se o conteúdo é rei, a curadoria é a rainha”, disse um dos palestrantes.
E se o conteúdo está em todo lugar – no Youtube, no Whatsapp, na nuvem –, terá nosso respeito aquele que souber selecioná-lo e encaixá-lo adequadamente, de forma a criar conexões e significados para determinados públicos. A responsabilidade sobre essa nobre curadoria, principalmente àquela focada nas soft skills, é daqueles que trabalham com Educação Corporativa.
Uma das únicas certezas em um evento de tantas incertezas é que aprender, reaprender e continuar aprendendo é uma questão de sobrevivência.
Nesse mundo cada vez mais ágil e imprevisível, o “lifelong learning” (ou seja, a aprendizagem constante e ininterrupta sobre temas diversos) é um processo imprescindível a ser adotado por todos que querem lidar de uma forma saudável com as transformações exponenciais. E não importa o que diz a empresa, o governo, o mercado: aprender só depende de você mesmo.
Ao fim do dia, um misto de inspiração com angústia. É, aprender dói mesmo.
Para saber mais (indicações mencionadas por palestrantes):
- Aplicativo: Peak – jogos para mentes inteligentes
- Estudo: Future Work Skills 2020
- Estudo: 2017 Skills Gap Report
- Estudo: The Future of Jobs and Skills – World Economic Forum
- Livro: A New Culture of Learning: Cultivating the Imagination for a World of Constant Change (Douglas Thomas)
- Livro: Thank You For Beeing Late: An Optimist’s Guide to Thriving in the Age of Accelerations (Thomas L. Friedman)
- Livro: Moonshots in Education: Blended Learning in the Classroom (Esther Wojcicki)
- Texto: The 6 Ds of Tech Disruption: A Guide to the Digital Economy
- Vídeo: 6D’s of Exponentials (Peter Diamandis)
- Vídeo (TED Talk): Professores Precisam de Verdadeiro Feedback (Bill Gates)
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