Jogos, dinâmicas em grupo, gamification, cases, brainstorming… Práticas como essas, comuns nos treinamentos corporativos, têm o mesmo pano de fundo: a interatividade. E por que devemos incentivá-la? Por que, afinal, ela é (e dever continuar a ser) valorizada nas mais diversas situações?
Antes de tudo, é preciso entender que a interatividade pressupõe a existência de uma ação recíproca, uma “troca” na relação. Não à toa, esse é um dos elementos-chave quando falamos de aprendizagem e, principalmente, em aprendizagem de adultos que, mais do que ninguém, valorizam o compartilhamento e aplicação imediata de informações.
O educador norte-americano Malcolm Knowles já falava sobre a importância da interatividade na década de 70. Foi ele quem mencionou pela primeira vez a teoria da Andragogia, definida como “a arte ou ciência de orientar adultos a aprender”. Em contraposição à pedagogia, que se refere à educação infantil, a Andragogia remete ao conceito de educação voltada para os adultos.
Assim, basear-se na Andragogia significa incentivar o aprendizado por meio da experiência. A teoria defende que a cooperação, a vivência e a participação estimulam a assimilação dos conteúdos e que o aprendizado não é uma via de mão única.
Transferindo todos esses conceitos ao dia a dia da educação executiva, área voltada ao aprendizado, desenvolvimento e crescimento profissional, fica ainda mais clara a importância da interatividade nos treinamentos corporativos. A troca entre os envolvidos acrescenta novas dimensões ao aprendizado, fomentando dúvidas, ideias, sugestões, soluções. Dessa forma, o participante não é mero receptor de ideias, mas protagonista de sua aprendizagem. Mais do que fornecer respostas concretas, é dever do instrutor incentivar o surgimento de perguntas para que os próprios participantes reflitam e busquem as respectivas respostas.
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Interatividade nos treinamentos corporativos: o planejamento
A interatividade nasce no planejamento do treinamento corporativo, pois ela não se resume apenas a reunir participantes e iniciar discussões livres. A prática deve fazer parte de uma decisão intencional e estratégica do facilitador, que acredita no engajamento e na ação conjunta dos participantes como forma de atingir os objetivos desejados e de maximizar o potencial de cada um.
Partindo do pressuposto que houve um planejamento por trás, a medida é benéfica a todos que têm a possibilidade de praticar certas habilidades nesse processo: ouvir o outro, discutir sem impor, ceder, lidar com as diferenças de opiniões, defender pontos de vista, argumentar, conhecer outras visões. Assim, ficam evidentes características de cada indivíduo.
Para que as interações sejam efetivas e gerem bons resultados, é importante que o instrutor dê orientações claras, direcione as discussões e certifique-se de que os participantes estejam mantendo o foco. Após o encerramento da atividade, é essencial que haja um “fechamento”, uma conclusão, de modo que todos entendam os objetivos por trás daquela dinâmica e que, assim, possam extrair ideias, conectando-as com a sua realidade.
Por isso, durante um treinamento, recomenda-se que o instrutor não centralize em si mesmo todas as responsabilidades do processo de ensino-aprendizagem, mas seja um guia que facilite a transmissão, compreensão, absorção e aplicabilidade dos conteúdos. Tal atitude exige experiência por parte do condutor, “jogo de cintura” e preparação.
Lembre-se: toda ação interativa deve ter um planejamento, um propósito estratégico e uma conexão com o dia a dia dos participantes.