Durante um almoço informal, um amigo meu se queixou sobre seu filho mais novo: “o Gustavo não está indo bem na escola”. O principal problema é que invariavelmente ele não faz as lições de casa.
Nas conversas com o pai, o Gustavo traz justificativas extremamente criativas e tem um repertório de desculpas incríveis. Eu questionei meu amigo:
– “Qual a pergunta que você faz ao Gustavo quando ele não faz a lição?”
Ele estranhou minha colocação e respondeu, sem hesitar:
– “Por que você não fez a lição”?
Comentei que essa pergunta já era esperada pelo garoto, que se certamente pensava antes sobre como iria respondê-la.
Perguntas óbvias provocam respostas óbvias
Quando nos deparamos com um problema já conhecido – por exemplo, uma lição de casa não feita, a perda de produtividade na produção da fábrica, um erro frequente cometido no escritório -, a tendência é levantarmos a questão:
-“Mas, por que isso aconteceu”?
Assim como o Gustavo, crescemos ouvindo e respondendo perguntas assim, vindas de nossos pais, familiares e professores. A resposta, evidentemente, será sobre o fato já ocorrido, sobre o que passou. Para esse tipo de pergunta, ouviremos explicações minuciosas como: falta de tempo, ausência de material, problemas técnicos com equipamentos, pessoas que não ligaram… Enfim, um repertório enorme de considerações, que já não são valiosas porque foram previamente pensadas e dizem respeito ao passado.
O tipo de pergunta é fundamental para solucionar problemas (ou não)
Recomendei ao meu amigo, pai do Gustavo, que na próxima vez que essa situação ocorrer ele troque o por que pelo como e questione:
-“Gustavo, como você vai resolver esse problema? Ou seja, o que você pretende fazer para mudar essa situação?”
Essa pequena mudança na construção da frase põe foco na solução de problemas, o obrigando a pensar em ações. É claro que devemos conhecer as causas para que problemas comuns não se repitam. Mas, para isso, existem técnicas adequadas que devem ser aplicadas em momentos adequados.
Direcionamento de energia com foco na solução de problemas
No primeiro momento, troque o por que pelo como. Depois que o problema tiver sido solucionado, passaremos para a análise das causas. Uma técnica muito utilizada é a Técnica dos 5 Por que’s, que analisa profundamente o fato até chegar à causa-raiz. Quando a causa-raiz for eliminada, a solução definitiva virá.
Por isso, minha sugestão é que na próxima vez que você se deparar com um desafio, faça ajustes na frase e pergunte: “como sairemos dessa situação?” Assim, com foco na solução de problemas, vão aparecer ideias que possibilitem ação e evolução e que promovam movimentos para frente.
Devemos nos acostumar a refletir mais sobre as soluções e menos sobre as justificativas – seja com seu filho mais novo ou com sua equipe de trabalho.
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Paulo Galvão é pós-graduado em Relações Interpessoais e é instrutor do CPDEC, onde ministra treinamentos na área de Gestão de Pessoas.
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