Estresse significa algo que estreita ou tensiona; força que coloca pressão em uma estrutura. Nos seres humanos, o estado de estresse é experienciado quando o organismo percebe que as demandas de uma situação excedem os recursos existentes para lidar com ela. Nesses momentos de estresse físico ou psicológico, nosso corpo, que está sempre buscando estabilidade, responde tentando se adaptar à situação: alteração do ritmo cardíaco e respiratório, aumento da pressão arterial, tensão da musculatura corporal, estado de alerta são algumas reações frente a potenciais ameaças.
Quando falamos em estresse no mundo corporativo, geralmente nos vêm à mente: pressão por resultados, hora-extra, reuniões intermináveis, preocupação com metas, líderes descontrolados, executivos enlouquecidos pelos corredores… Mas, existe um lado positivo do estresse que talvez você não conheça e que pode ser usado. E é isso que quero destacar.
Níveis de estresse favoráveis… existem?
Poucos sabem que o estresse pode ser benéfico, especialmente para o desenvolvimento profissional, se for desencadeado em simulações controladas e em contextos específicos. Nessas situações, há um pico de liberação do hormônio cortisol que “liga” o cérebro.
As explicações científicas estão aí para comprovar. A Lei de Yerkes-Dodson tem sido usada para demonstrar que níveis moderados de estresse fazem com que a aprendizagem atinja seu pico mais alto. O efeito do “estresse positivo” acontece quando há convergência de tempo (curto) e espaço (durante a tarefa de aprendizagem), em um evento controlado e seguido de um período de normalização. Por outro lado, os dois extremos – ausência ou excesso – são igualmente negativos para a aprendizagem, já que a performance cai e indivíduo não evolui.
De novo: NENHUM estresse ou MUITO estresse são igualmente negativos para a aprendizagem. Veja na matriz abaixo.
De forma geral, para que um evento possa ser caracterizado como “estressante” em qualquer nível, ele deve ter uma ou mais das seguintes características: 1. Novidade; 2. Imprevisibilidade; 3. Impossibilidade de ser controlado; 4. Avaliação social ameaçadora
Questões da vida real.
A partir disso, vamos pensar agora na nossa realidade. Como o estresse se manifesta em mim e em meus colegas? De que forma ele aparece em situações profissionais? Nas equipes, os líderes provocam mais estresse positivo ou negativo? Temos inserido, com consciência, doses adequadas de estresse nos processos de aprendizagem? De forma geral, nos treinamentos e workshops, os participantes sentem-se: entendiados, estimulados ou pressionados?
E, por fim: os profissionais de RH, que lidam com seres humanos e com toda sua complexidade, estão atentos a essa questão?
O fato é: em situações difíceis ou desafiadoras, o estresse nos torna mais fortes. Isso vale para líderes, executivos, operadores de máquinas, homens, mulheres, pessoas jovens ou maduras. Mas, para que a curva não caia, precisamos encontrar e estimular o ponto ótimo do estresse.
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*Tema da palestra ‘Stress Out! O Papel do Estresse no Processo de Aprendizagem‘, apresentada no CBTD 2018 (Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento) por Rosângela Curvo Leite.
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