Por Rosângela Curvo Leite
No post anterior, fiz uma breve contextualização sobre as atitudes dos participantes em treinamentos corporativos e sobre a aplicação das avaliações – principalmente aquelas que visam mensurar “satisfação” e “conhecimento”.
Acredito muito nos métodos de Autoavalição e Avaliação Por Pares como ferramentas interessantíssimas para desenvolver pessoas porque pude observar seus impactos durante minha tese de Doutorado, realizada na Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Lá, os dois instrumentos foram aplicados em um grupo de residentes. E por que funcionou muito bem?
Quando qualquer um de nós precisa realizar uma autoavaliação e uma avaliação de um colega, que está inserido no mesmo contexto e que esteve exposto aos mesmos estímulos, a tendência é que sejamos bastante criteriosos e comprometidos. Afinal, queremos contribuir, somar, sem parecermos injustos ou indiferentes.
Por isso, realmente “botamos a cabeça para funcionar”, refletimos, consideramos, aguçamos nossas percepções e, talvez mesmo sem ter consciência, praticamos a metacognição (o “pensar sobre o pensar”). Em resumo: ficamos mais engajados pelo simples fato de estarmos sendo observados por um colega e por termos que retribuir, observando-o com sensatez.
Transferindo essa realidade para o mundo corporativo: se alguém recebeu uma avaliação “razoável” e não tão positiva num primeiro treinamento porque, por exemplo, chegou atrasado e não participou ativamente das atividades, é provável que essa mesma pessoa queira melhorar sua imagem na próxima oportunidade. Afinal, ninguém gosta de receber feedbacks negativos com frequência, ainda mais vindas de colegas.
Agora, imagine que esses instrumentos sejam aplicados não uma única vez, mas ao fim de todos os treinamentos do ano. O que pode parecer desconfortável num primeiro momento torna-se, aos poucos, mais natural. Comportamentos “forçados” vão dando espaço a comportamentos espontâneos. Os resultados das avaliações ficam mais consistentes e as mudanças de comportamento, mais notáveis e reais.
Mudanças essas que, inevitavelmente, passarão a ser replicadas no dia a dia, nas atividades profissionais fora do ambiente “controlado” de um treinamento corporativo. Sim, sejamos realistas: é raro – raríssimo – alguém ser uma pessoa durante um treinamento e outra, completamente diferente, durante suas atividades cotidianas.
E, por fim, é isso que todos nós (líderes, profissionais de RH e T&D, instrutores de treinamento…) queremos: engajamento, responsabilização, contribuição, mudanças significativas de comportamento que impactem positivamente as equipes e o negócio.
Vale destacar ainda que esses métodos podem se tornar estratégias de complementação para outras avaliações, além de importantes fontes de informação e subsídio para tomadas de decisão. Afinal, há MUITA informação contida em um conjunto de avaliações de um determinado profissional. Por exemplo: como essa pessoa se vê? Como os outros a veem? Como ela vê seus colegas? Quais comportamentos ela mudou nos últimos tempos?
Todo esse contexto me levou a criar a palestra ‘O Poder da Autoavaliação e da Avaliação Por Pares‘, que foi lançada e apresentada na edição 2017 do CBTD (Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento).
Se você quiser saber mais sobre o tema e detalhes sobre como aplicar os instrumentos em sua empresa, fale comigo > [email protected]
Lembretes finais:
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Atitudes que surgem durante treinamentos corporativos (quase sempre) são reflexos do dia a dia
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Pessoas precisam ser impulsionadas a saírem de sua zona de conforto
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A repetição torna o processo mais consistente, natural e confortável
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Mudanças na cultura da avaliação trazem benefícios significativos para o negócio
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