Qual o idioma mais falado no mundo? Essa é uma pergunta frequente em quiz sobre curiosidades e as respostas variam entre o chinês e o inglês. Isso porque ela requer uma especificação: qual o idioma mais falado no mundo como língua materna ou como segunda língua/ língua estrangeira? Essa diferença conceitual pode ser explicada pela Linguística.
Os brasileiros, por exemplo, falam o português como língua materna, aprendido desde bebê e considerado idioma oficial do país. Somos, portanto, falantes nativos do português. O inglês, ensinado nas escolas do Brasil, é aprendido como língua estrangeira. Mas não podemos denominá-lo como nossa segunda língua, pois não o utilizamos em documentos oficiais, diferentemente do que acontece em ex-colônias britânicas – o status do inglês é oficial.
Explicada a diferença, voltemos à pergunta inicial. Como língua materna, o idioma mais falado no mundo é o chinês, com mais de 900 milhões de falantes. Apesar do número impressionante de falantes, podemos supor qual será a língua mais utilizada entre os turistas e atletas nas Olimpíadas de Pequim – sim, o inglês. Isso porque, como segunda língua/ língua estrangeira, o inglês é, sem dúvida, o idioma mais disseminado pelo planeta (o British Council estima que, em 10 anos, metade da população mundial falará inglês). Linguistas afirmam que nunca uma língua foi tão falada, em tantos lugares diferentes, como o inglês é hoje.
Por isso, muitos afirmam que ele é a mais internacional das línguas de toda a história da civilização humana. David Crystal, especialista na área, afirma, inclusive, que o número de falantes não-nativos é 3 vezes maior que o de nativos. Tanto entusiasmo com o inglês é reflexo da importância do idioma para o sucesso na carreira profissional.
Em uma fábrica da Toyota, na República Tcheca, cuja equipe é composta por japoneses, franceses e tchecos, o inglês foi escolhido como o idioma de trabalho. Muitas outras empresas multinacionais como Samsung e LG Philips mudaram suas políticas e determinaram a redação de e-mails somente em inglês.
A tecnologia é um grande fator nessa mudança, pois 80% das informações do mundo eletrônico são armazenadas em inglês. Mas falar inglês fluentemente, para quem não é nativo, não é das tarefas mais fáceis. Por isso, a forma como as pessoas estudam o idioma também está mudando. Na Coréia do Norte, o governo tem construído em todo o país escolas de imersão no inglês, onde os adolescentes vivem em um ambiente em que apenas se fala inglês. Nesse “condomínio”, os estudantes checam sua hospedagem, fazem compras, pedem as refeições, vão ao banco, aprendem a cozinhar e fazem aulas de atuação – tudo em inglês. No Brasil, já começam a surgir condomínios como esse – particulares, claro.
O que é interessante é que esses novos falantes do inglês não estão apenas aprendendo a língua. Eles vêm modificando o idioma, consequência dessa internacionalização. Novas variedades, vocabulários, estruturas e dialetos estão surgindo.
Há, portanto, diferentes tipos de inglês surgindo no mundo, como o “Hinglish”, a mistura indiana de hindu e inglês, ou o “Spanglish”, misto de espanhol e inglês, muito comum em regiões dos EUA onde há grande número de imigrantes hispânicos. Esse fenômeno vem sendo estudado pelos linguistas, que têm concluído que “ninguém é dono do inglês”, como afirma David Crystal. Segundo ele, o que acontece na língua depende de todos esses falantes não-nativos.
Portanto, ser o idioma mais internacional de toda a história tem suas vantagens e, de certa forma, seus percalços. Será que, um dia, o chinês passará por isso também?
Por Vivian Cristina Rio
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