É possível aprender a falar em público – ao contrário do que muitos imaginam. Essa habilidade dá ao indivíduo o poder de levar, com exatidão e clareza, a mensagem desejada até a audiência. Assim, é possível ser ouvido com atenção, convencer, argumentar e contar sua história.
Habilidades comunicativas são ferramentas essenciais, tanto na esfera pessoal quanto no âmbito profissional. O resultado de uma apresentação pode ser maximizado por meio de um excelente planejamento do conteúdo e do material visual, além do desenvolvimento da confiança e da segurança no momento da apresentação. Para tanto, é necessário disposição para mudar hábitos enraizados, perceber e compreender as reações da plateia e fazer as alterações necessárias para alcançar o objetivo da mensagem.
Poucos se atentam ao fato de que o desempenho do emissor depende de um processo que se inicia muito antes da apresentação começar. A fase de preparação envolve mudanças de comportamento que acontecem gradativa e sucessivamente, como se o indivíduo estivesse percorrendo uma trajetória de desenvolvimento de suas habilidades comunicativas. É um processo evolutivo relacionado à percepção do emissor, seus conhecimentos e técnicas e pode ser dividido em quatro etapas:
1ª Etapa: “Incompetente inconsciente” – Nesse primeiro estágio, o emissor não sabe o que está errado. Essa fase também é conhecida como “não sei que não sei”. Há uma sensação de “conforto”, já que o indivíduo desconhece que algo precisa ser aprimorado.
2ª Etapa: “Incompetente consciente” – O emissor ainda não consegue realizar a tarefa corretamente, mas sabe e reconhece que é preciso ir em busca de conhecimentos e técnicas para melhorar seu desempenho. Também conhecida como a fase “eu sei que não sei”, ela é decisiva, pois o emissor pode escolher entre duas possibilidades: seguir em frente, tentando colocar o novo conhecimento em prática, ou parar onde está, estagnando o processo de desenvolvimento.
3ª Etapa: “Competente consciente” – Nessa etapa, o emissor já adquiriu novas habilidades, mas ainda precisa se concentrar bastante para colocá-las em prática adequadamente. Também conhecida como “eu sei, mas esqueço”, essa etapa exige automonitoramento constante, dedicação, atenção e, acima de tudo, muito treino.
4ª Etapa: “Competente inconsciente” – A última e tão almejada fase de desenvolvimento, também é conhecida como “sei e consigo realizar bem”. O emissor já incorporou a habilidade de agir da maneira correta e, por isso, não precisa mais pensar muito em como fazer determinada tarefa. Essa etapa é o resultado de esforço, estudo, treinamento e prática. No entanto, ainda é necessário (e sempre será) que o emissor reflita sobre seu desempenho para poder repetir aquilo que faz corretamente, sem deixar de realizar ajustes quando necessário.
Em relação a apresentações em público, não há dúvida de que, para atingir a etapa “competente inconsciente”, é preciso dominar tanto a forma quanto o conteúdo da apresentação. Um excelente exercício é filmar as próprias apresentações e depois assistir ao vídeo. A autopercepção é imprescindível no processo de mudança.
# Para uma boa filmagem:
- Selecione um equipamento de filmagem (filmadora, câmera digital, celular, notebook, outros). Lembre-se de que quanto maior a resolução da imagem, melhor será a qualidade do seu filme.
- Apoie o equipamento em uma superfície plana e firme.
- Posicione o equipamento em uma altura em que o enquadramento esteja adequado – ou seja, você deve aparecer dos pés à cabeça (você pode utilizar livros empilhados para conseguir chegar à altura ideal do equipamento).
- Procure gravar o vídeo em um ambiente bem iluminado, mas sem janelas atrás de você para que a luz do fundo não clareie e “estoure” sua imagem. O ideal é que a luz esteja de frente.
- Prefira um lugar silencioso, onde não haja barulho externo que possa incomodar ou interferir na inteligibilidade da sua fala.
# Para uma boa análise da filmagem:
- Depois de finalizar o vídeo, você deverá analisar seu desempenho de modo autocrítico, assistindo várias vezes, com e sem som, cada vez reparando em um aspecto diferente.
- Observe a fala, gesticulação, postura e expressões faciais. Atente-se também para a linguagem, palavras escolhidas e transições entre uma frase e outra.
- A partir de suas impressões, elabore um plano de ação: priorize o que necessita mais atenção e tente avançar sempre. Mas lembre-se: passo a passo, uma habilidade por vez.
Tenha em mente que a habilidade de falar em público relaciona-se mais ao desenvolvimento de técnicas do que a competências “inatas” do emissor. Embora bloqueios e receios sejam comuns, é necessário criar oportunidades de exposição e enfrentar essas situações com confiança e atitudes positivas. Exercícios constantes e persistentes são a base para o aprimoramento.
Conheça o programa de Técnicas de Apresentação desenvolvido pela equipe do CPDEC, que tem como objetivo fornecer aos participantes técnicas eficazes de desenvolvimento das habilidades de falar em público, sem perder de vista o contexto profissional e empresarial.
Por Karoline Kussik, Mônica Bulgari, Paloma Domingues e Rosângela Curvo Leite