A expressão em inglês thinking outside the box, cuja tradução literal é “pensando fora da caixa”, é uma metáfora muito recorrente no âmbito empresarial, que significa pensar de uma maneira não-convencional, por uma nova perspectiva. A “caixa” deve ser interpretada não somente como o ambiente que nos circunda, mas principalmente como o modo de elaborarmos nosso raciocínio e agirmos.
O ritmo alucinante em que muitos profissionais se encontram pode levá-los a tomar atitudes ou a formular opiniões sem o tempo de reflexão necessário, fato que quase sempre resulta na chegada ao senso comum e/ou na ausência de inovações. Para sair da “caixa” é preciso, antes de tudo, compreender com clareza o que acontece dentro dela; conhecer todos os caminhos já trilhados, engendrar informações para, então, criar algo novo. Trilhar caminhos por meio de perguntas: “como isso pode mudar?” ou “o que já existe e pode ser utilizado como meio para a mudança?”.
O desenvolvimento de uma percepção criativa, que esteja além da visão do senso comum, deve ser encarado como um novo processo de aprendizado. A ação de aprender está diretamente relacionada às habilidades associativas e criativas do indivíduo, muito mais do que a capacidade de armazenar e decorar informações. Em outras palavras, terá um aprendizado mais eficiente o profissional que refinar sua percepção e souber correlacionar as informações que recebe.
Cientistas argumentam que as pessoas que obtêm melhor desempenho intelectual durante e após o processo de aprendizagem são aquelas que procuram interagir e se envolver profundamente com o tema em questão. Isso significa formular perguntas, estabelecer relações entre a nova informação e elementos que são presentes em suas vidas, extrapolando a esfera profissional. Tratam-se, essencialmente, de pessoas que não se contentam com somente uma abordagem explicativa, mas que recorrem a mais de uma fonte de informação. Esse comportamento não deve se restringir somente à sala de aula, ou a momentos de treinamento, mas deve ser incorporado às atividades do dia a dia.
Ao iniciar um novo projeto, ou mesmo antes de efetuar alguma mudança, é essencial que as pessoas formulem perguntas, reúnam alternativas variadas, procurem coletar a maior quantidade de informações que possam vir a ser úteis, ou seja, que assumam uma atitude de inovação.
Nesse aspecto, a curiosidade se configura como uma poderosa aliada para aguçar a percepção e ampliar as possibilidades de inovação. Com um maior leque de informações e associações disponível em sua mente, o profissional sente-se mais seguro na hora de fazer apresentações, negociar, expor opiniões e levantar soluções. É como se a curiosidade promovesse um rearranjo dos pensamentos: eles passam a ser encarados como galhos de uma árvore, cujos caminhos se dividem em bifurcações, mas continuam a se desenvolver e se relacionar. Os pensamentos se interligam como uma figura em espiral; às vezes é preciso rever ideias anteriormente abordadas, por outro ângulo, para se chegar à solução de um problema antigo.
A curiosidade, portanto, é uma habilidade que pode ser exercitada por meio da observação, da criação de mapas mentais e hipóteses. Organizar pensamentos usando organogramas, fluxos, listas, anotações ou desenhos pode ser uma excelente maneira de visualizar e entender o modo como a mente está interpretando e alocando cada informação. Ao visualizar as etapas do pensamento, as tomadas de decisões ou a implementação de novas ideias tornam-se mais seguras e certeiras.
Por isso, o cultivo de hábitos que incentivem o surgimento de novas ideias e maneiras de pensar é fundamental para o profissional que pretende se destacar e “pensar fora da caixa”. A leitura constante e variada de diversas fontes e sobre diferentes temas é um dos meios mais eficientes de se atingir uma forma de pensamento plural. Um incentivo simples e didático é questionar-se sempre: quando foi a última vez que eu me interessei por algo desconhecido, que me propus a ler ou a fazer algo novo? Enfim, quando eu tentei “sair da caixa”?
Por Mônica Bulgari, Rosângela Curvo Leite e Vívian Cristina Rio
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