Apesar de o conceito de ‘Business Partnet’ (BP) ter sido criado há mais de 30 anos, em muitas organizações ele ainda não é familiar. Quando o termo surgiu, na década de 1980, David Ulrich tentava transformar o RH numa área mais próxima ao setor de negócios da empresa.
Desde então, muitas empresas têm tido bons resultados com a figura do BP; outras, nem tanto; e boa parte delas, ao menos no Brasil, ainda nem iniciou as discussões sobre o tema. Sim, é inegável que existe confusão em relação as atribuições do Business Partner e ao perfil ideal deste profissional. Para se ter uma ideia, ao comparar salários de profissionais que ocupam essa posição, a pesquisa da VOCÊ RH Deloitte 2015 mostrou grande variação: de R$5.800,00 até R$13.000,00. A discrepância salarial acontece por causa da variedade de atribuições que o BP adquire de empresa para empresa.
O que se sabe é que o Business Partner tem um papel fundamental na transformação do RH em uma área mais estratégica. Nos exemplos positivos nos quais a função está bem definida e é bem desempenhada, projetos e soluções são criados de modo que tenham valor para as pessoas e que gerem resultados substanciais para a companhia. Ainda mais necessário em tempos de crise, o BP é alguém que se mantém perto da liderança, atento às mudanças, capaz de discutir tendências, fazer previsões e integrar equipes.
Para tornar esse cargo realmente vital e eficiente para a companhia é preciso compreendê-lo melhor.
Funções do Business Partner
O Business Partner tem o objetivo de aproximar o departamento de RH de áreas de negócios. Para isso, o profissional precisa ter amplo conhecimento de Recursos Humanos, mas também compreender profundamente estratégias e operações. Algumas das funções mais importantes do Business Partner são:
- Ajustar planos da área de RH e os alinhar às estratégias da empresa;
- Antecipar tendências de mercado e seu impacto na força de trabalho;
- Ajudar na criação de estratégias empresariais junto aos níveis sêniores;
- Mensurar a relevância dos treinamentos de cada equipe para o planejamento empresarial;
- Equilibrar as relações entre especialistas de cada setor e aconselhá-los;
- Tornar o RH mais dinâmico.
Além disso, o BP avalia práticas já existentes, considerando sua manutenção, extinção ou a criação de uma nova, específica para aquela unidade ou área. O BP deve ainda avaliar os pedidos de seus clientes internos, equilibrando concessões e negações.
Características do Business Partner
O Business Partner deve ser um generalista ou um especialista? Há bons argumentos para ambos os lados, mas essa não deve ser a questão central que irá direcionar a seleção do profissional. Independentemente da formação do indivíduo, existem características comportamentais que merecem mais atenção e que geralmente são encontradas em profissionais mais sêniors.
Estudo da consultoria britânica Orion Partners mostrou que, para a função de BP, as “atitudes” são tão ou mais importantes do que conhecimentos técnicos. Segundo o levantamento, os melhores Business Partners têm em comum:
- Autoconfiança: Acreditam no valor do RH e nos seus diferenciais individuais;
- Imparcialidade e Persistência: Sabem defender um ponto de vista (muitas vezes, impopular) e são persistentes ao lidar com opiniões opostas.
- Perspicácia nos negócios: Têm profundo conhecimento e compreensão das estratégias do negócio. São capazes de estabelecer conexões e se comunicar também em termos comerciais;
- Bom Relacionamento: Constroem relações sólidas com clientes e colegas e são empáticos;
- Foco em resultados: Buscam constantemente resultados, aproveitando todo o RH e servindo como exemplo para o time;
Na visão de Ulrich, criador do conceito, executar bem esse papel é uma maneira de agregar valor à companhia. Companhias que têm BPs eficientes reportam aumentos de até 10% na receita e de 9% no lucro, de acordo com pesquisa realizada pela consultoria global de benchmarking CEB.
Para que esses números sejam viáveis, a empresa como um todo precisa ter consciência da importância estratégica do Business Partner; só assim essa função será bem compreendida, aceita e valorizada para que seu papel não seja distorcido ao longo do tempo. Os profissionais de RH devem estar alinhados nesse sentido, atuando de maneira ativa como parceiros e agentes de mudança.
Desse modo, o Business Partner pode mudar os rumos do RH.