Profissionais que fazem várias tarefas ao mesmo tempo são bem vistos e mais valorizados. Será?
É fato que a rápida evolução das comunicações e da tecnologia informacional impacta de maneira irreversível no cotidiano de todos. O modo de trabalhar mudou – o expediente, por muitas vezes, alonga-se em função de ferramentas como smartphones, tablets e notebooks – e o perfil dos profissionais também.
Pessoas constantemente conectadas aprenderam a fazer várias atividades simultâneas: em frente ao computador, abrem e fecham janelas de navegadores, atendem telefonemas, respondem mensagens de texto, leem trechos de notícias, limpam a caixa de entrada do e-mail, completam relatórios, fazem cálculos e ainda frequentam redes sociais ou sites esportivos – tudo ao mesmo tempo. Este perfil tem nome: são os multitasking, que têm a habilidade (e que geralmente gostam) de fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo e alterná-las de maneira rápida.
Conectados e antenados, chegaram a ser vistos pelas empresas como a “aposta” do futuro por serem mais ágeis ao iniciar tarefas, manusear tecnologias e improvisar. Entretanto, essa aposta vem perdendo força devido as diferenças significativas no rendimento. Afinal, “ser ágil” não significa “ser eficaz”.
Quando comparados, o profissional tradicional se mostra mais produtivo do que o multitasking, que alterna de atividades duas vezes mais em comparação aos outros. A conclusão é de um estudo feito pelo software RescueTime, a partir do monitoramento da tela do computador de cada colaborador e da classificação das tarefas realizadas por eles em uma escala de produtividade – com conceitos baseados nos valores da empresa e do próprio profissional.
Neste estudo, a leitura de notícias é, por exemplo, uma atividade considerada “mediana” no conceito de produtividade, ao passo que redes sociais e música são consideradas atividades com um índice de produtividade menor. Sendo assim, o tempo improdutivo do trabalhador multitasking é maior em comparação ao trabalhador que foca em realizar uma tarefa por vez.
De acordo com a neurociência, diante de uma interrupção, o cérebro humano leva cerca de 20 minutos para se concentrar novamente. Isso quer dizer que, embora a habilidade de administrar várias tarefas ao mesmo tempo dê a sensação de que os projetos estão caminhando, a velocidade com a qual as tarefas avançam é lenta. Há ainda outro alerta apontado, dessa vez, pelos profissionais da saúde em relação ao grau de estresse de um multitasking.
Por causa das dificuldades em estabelecer prioridades, esses profissionais estão mais suscetíveis a cometer erros e a sobrecarregar a mente por causa da exaustão causada pelas atividades simultâneas. Ou seja, são pessoas cujos níveis de estresse costumam ser mais altos.
Em um mundo super conectado cheio de apelos externos, é preciso disciplina para filtrar informações e organizar tarefas – das mais simples às mais complexas. Nesse sentido, evitar distrações tentadoras é um mal necessário, não somente para garantir qualidade no trabalho e otimização do tempo, mas também para preservar a mente de pressões e ansiedades desnecessárias.
O conselho? Tenha foco: para produzir mais, concentre-se numa coisa de cada vez.
Por Mônica Bulgari e Paloma Domingues
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