“Fico nervosa quando percebo que não recebo mensagens no WhatsApp.”
“Fico ansioso quando a bateria do meu celular acaba.”
“Se esqueço meu celular em casa, preciso voltar para buscá-lo.”
“ Olho constantemente na tela do celular, pois, a qualquer momento, posso receber um recado.”
”Me sinto ansiosa quando as pessoas demoram mais do que 1 minuto para responder minhas mensagens.”
“Já bati o carro porque estava enviando mensagem.”
Certamente, você já dever ter ouvido ou dito algumas das frases acima. Elas retratam a sensação de angústia que muita gente tem diante da impossibilidade de se comunicar pelo celular ou de se ver desconectada, mesmo que por pouco tempo.
Esse medo incontrolável de não poder usar o celular, por falta de bateria ou conexão, caracteriza uma patologia identificada como nomofobia (“no mobile phobia”). Alguns dos sintomas podem ser comparados aos de tabagismo, alcoolismo ou dependência química: angústia, estresse, insônia, suor frio, coceira, mal-estar generalizado, confusão mental e isolamento. Os Institutos de Psiquiatria da UFRJ e do Hospital das Clínicas de SP criaram grupos de apoio para atender pacientes que sofrem da nomofobia.
Portanto, o tema deve ser levado a sério, já que a utilização excessiva e descontrolada do celular tem acarretado prejuízos tanto para os indivíduos, quanto para as organizações. O medo de “perder a conexão com o mundo” é nocivo pois altera o comportamento das pessoas, tornando-as mais impacientes, impulsivas e esquecidas.
Os números no Brasil chamam a atenção: são 283,5 milhões de celulares (1,38 celular por habitante); 50,1% da população brasileira tem acesso à internet e 66% dos acessos são feitos por aparelhos celulares, de acordo com a Anatel e o IBGE.
O imediatismo da internet leva os indivíduos a aproveitarem a eficiência dos aparelhos celulares para buscarem informações, ampliaram sua rede de relacionamentos e descobrirem inúmeras formas de entretenimento.
O impacto dos dispositivos portáteis tem sido alvo de discussão em vários locais do mundo. Mas o que tem realmente preocupado é o exagero no “hábito de checagem”. O estudo realizado na Coreia do Sul por Jee Hyun Ma, pesquisadora do assunto, apontou que 30% dos jovens entre 12 e 19 anos usam o celular mais de 90 vezes por dia, uma média de 1 vez a cada 10 minutos. Segundo o relatório feito pela Cisco Connected World Techonolgy, 75% dos jovens entre 20 e 30 anos falam ao celular enquanto dirigem, 47% enviam mensagens enquanto dirigem e 66% preferem ficar sem carro do que sem internet. Um estudo realizado pela PricewaterhouseCoopers concluiu que 41% das pessoas preferiam se comunicar eletronicamente do que pessoalmente. Ao mínimo sinal de tédio, esses jovens recorrem ao aparelho, para passar o tempo, como forma de diversão e relaxamento.
Muitos adultos também se sentem escravos do celular, pois cada vez mais o aparelho concentra informações essenciais, como e-mails, mensagens, agenda, contatos, orçamento familiar, aplicativos do dia a dia, lista de compras, etc. Com isso, as pessoas nunca se desconectam.
Uma pesquisa feita pela BizShifts-Trends.com mostrou que entre 50% e 70% do tempo em que uma pessoa está conectada durante o expediente não tem relação direta com o trabalho. Durante esse período de distração, denominado de “ócio cibernético” ou “cyberloaf”, as pessoas enviam mensagens, e-mails pessoais, verificam as redes sociais, fazem buscas de interesse pessoal e compras online ou baixam aplicativos e jogos.
As empresas podem adotar normas de restrição ao uso do telefone celular e das redes sociais no ambiente de trabalho, se julgarem que essa prática está trazendo prejuízos na produtividade ou no relacionamento dos colaboradores.
A praticidade e mobilidade proporcionadas pelo celular trazem inúmeras vantagens, mas também alguns desafios. O maior deles é o autocontrole que cada pessoa deve ter para evitar prejudicar sua produtividade e sua imagem profissional e evitar problemas com a nomofobia.
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