Geração X, Geração Y, Geração Z. São inúmeros os estudos e consequentes tentativas de descrever comportamentos semelhantes em um grupo de indivíduos de determinada geração.
Especialistas, no entanto, vêm notando traços em comum entre essas gerações, o que motivou a criação da denominação Geração T, utilizada para descrever indivíduos que, independentemente de sua faixa etária, adotam uma postura passiva diante dos fatos, “veem a vida passar”. Em relação a este conceito, vale ressaltar que, por se tratar de um comportamento verificado em pessoas das mais diversas faixas etárias, não consideramos apropriada a denominação “geração”.
Segundo fundamentos sociológicos, uma geração surge e se consolida como tal quando um grupo de pessoas promove um rompimento com relação aos valores de uma geração anterior. Usar a terminologia “geração T” significaria, portanto, afirmar que esta rompe com a anterior, o que, de fato, não ocorre.
Dessa forma, utilizaremos, neste artigo, o termo “comportamento T”- em vez de “geração”. O “T” provém justamente da palavra testemunha (em inglês “testimony”). Embora possam ser bastante ágeis no manuseio de novas tecnologias e extremamente adaptáveis a transformações tecnológicas, esses indivíduos não demonstram interesse em seu próprio desenvolvimento intelectual e nem curiosidade em conhecer mais sobre assuntos que os cercam, contribuindo pouco em debates, análises, proposição de mudanças e inovações. Essas pessoas sabem o que acontece, mas não se empenham em buscar o porquê. A falta de apurado senso crítico e de posicionamento por parte desses indivíduos pode ser associada a falhas no sistema educacional.
De acordo com estudiosos, é uma ilusão pensar que os alunos saem das escolas e das universidades suficientemente capacitados para estabelecer relações de causa e efeito, fazer comparações, criar hipóteses e emitir opiniões baseadas em argumentos bem embasados e encadeados de forma lógica. Ainda que dominem o uso de diversas redes sociais e aplicativos digitais, esses indivíduos raramente estão dispostos a iniciar pesquisas ou conversas que propiciem trocas realmente significativas. A curiosidade limita-se ao meio social, enquanto os interesses intelectuais são deixados de lado.
No trabalho, os profissionais com esse “comportamento T” geralmente não são hábeis em formular seus próprios pontos de vista, ficam sujeitos a aceitar e reproduzir opiniões de outras pessoas ou do senso comum. Em decorrência de sua falta de iniciativa, dificilmente propõem algo novo ou sugerem melhorias. Ao contrário, muitas vezes, limitam-se a criticar o que foi realizado por outros profissionais.
Cabe destacar que, no âmbito corporativo, essa atitude é malvista, pois as empresas buscam indivíduos questionadores e interessados pelo que acontece ao seu redor, e não os que sejam meras testemunhas diante de fatos.
Para que o número de pessoas com “o comportamento T” não aumente no futuro, será necessária uma mudança na Educação que estimule o pensamento crítico, valorize a pesquisa, favoreça a ampliação dos conhecimentos, crie espaços para a exposição de opiniões e discussão de ideias. Para aqueles que acreditam ter “o comportamento T”, é fundamental mudar de atitude, a fim de que abandonem a posição de meros espectadores e busquem o desenvolver e ampliar seus conhecimentos e informações para poderem formar, sustentar e defender sua própria opinião.
Por Mônica Bulgari, Rosângela Curvo Leite e Vivian Rio Stella
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