“O pensamento só começa com a dúvida.”
Roger Martin Du Gard (escritor Francês)
Embora saibamos que errar é humano, a maioria de nós passa a vida presumindo que está certa sobre quase tudo, insistindo em encontrar desculpas para as próprias falhas. Em vez de desculpas, é importante saber por que o erro ocorreu. Algumas possíveis causas são:
- Ilusão dos sentidos – cada um de nós tem uma percepção particular do mundo;
- Crenças e ensinamentos arraigados – convicções não questionadas podem nos levar à inflexibilidade e à impossibilidade de tentar o novo;
- O pensar da sociedade – o conceito de aceitável, correto, bom, por exemplo, são socialmente determinados pelos grupos que nos cercam e pelo meio em que vivemos. Nem sempre a visão do senso comum é a mais acertada;
- Falta de conhecimento e/ou prática sobre algo – decorrentes da inexperiência ou da necessidade de ainda aprimorar alguma habilidade específica.
Apurar a percepção sobre a causa do erro é um passo para evitar cometê-lo novamente. Mas errar não deve ser considerado algo de todo ruim, pois o erro pode ser benéfico para estimular o indivíduo a se aprimorar. Isso porque, quando uma pessoa erra, ela estimula mais a própria mente do que se tivesse acertado. Além disso, pensar sobre o erro é como percorrer um caminho que faz a pessoa refletir sobre os motivos que a levaram ao erro, a tentar entender melhor a si mesma, a se aperfeiçoar e, em última análise, a mudar, mesmo levando em consideração os riscos dessa mudança.
Outro aspecto a ser considerado é que só erra quem busca o novo, quem procura seguir um caminho desconhecido. O erro, portanto, pode acontecerem decorrência de uma trajetória da busca pela verdade, como parte da construção do processo de conhecimento.
Para passar a ter uma visão menos negativa do erro, é necessário criar uma cultura da experimentação, mesmo sabendo que o erro também pode representar um risco, especialmente quando a situação não foi adequadamente planejada ou quando o indivíduo não pensou em diferentes possibilidades de resolução de um problema. O importante é balancear os riscos envolvidos com as expectativas de resultados.
Dessa forma, a experimentação será criteriosa e disciplinada. O erro, assim, passará a ser indício de um novo nível de estruturação da inteligência.
Algumas sugestões de como experimentar de forma disciplinada:
Selecione o desafio e imagine o processo como um todo, do início até sua conclusão; Inicie com um desafio específico que esteja vinculado ao resultado esperado; Crie critérios de avaliação; Analise as estratégias que serão utilizadas; Vá em frente. Por hábitos socialmente enraizados, as pessoas ainda sim se sentem atraídas pela certeza e têm dificuldade de assumir seus erros, escondendo-se atrás de justificativas, pretextos nos quais até elas mesmo passam a acreditar. Ao assumir que não devemos errar ou que não somos passíveis de erro, criamos, muitas vezes, um caminho sem volta, que nos impede de perceber o lado negativo desse comportamento corrosivo, de encontrar novas possibilidades, de traçar estratégias para reverter uma situação e de nos desenvolver.
Caso o erro aconteça, aqui estão algumas sugestões de como tratá-lo:
-Tome consciência da falha;
– Identifique sua causa;
– Retifique o mais rápido possível;
– Reflita sobre o próprio comportamento em relação ao erro;
– Tente novamente.
“Se você quer os acertos, esteja preparado para os erros”
(Carl Yastrzemski)
Fonte: Por que erramos – Kathryn Schulz, Editora Larousse
Por Rosângela Curvo Leite
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