O ato de ensinar e transmitir conhecimento sempre esteve presente no desenrolar da história humana. Ensinar é uma maneira de eternizar sabedoria e experiência, de deixar um legado para que outras gerações possam se desenvolver. A função de ensinar, portanto, é essencial à sobrevivência, não só dos indivíduos, mas também dos costumes e da bagagem cultural de uma determinada sociedade.
Os escribas do Egito Antigo já organizavam os primeiros grupos de estudo, anunciando o que seria o protótipo do modelo atual de escolas que hoje conhecemos. Responsáveis pelo registro de doutrinas, histórias, eventos e conhecimentos em alfabeto hieróglifo, nos rolos de papiro, os escribas assumiam funções semelhantes às de um docente moderno.
Alguns séculos mais tarde, na Grécia, desenvolveram-se discussões nas quais mestres como Sócrates incentivavam o questionamento a partir da introdução de temas como matemática, física e filosofia. Sócrates exercia o papel de condutor de debates e promulgador de questionamentos. As reuniões aconteciam geralmente ao ar livre e em formato de círculos, nas quais as opiniões dos alunos eram valorizadas e a técnica da retórica, aprimorada. Naquela época, era muito comum na classe patrícia (a classe alta da sociedade ateniense) a contratação de mestres para ensinar e doutrinar crianças, por meio de aulas particulares. Aristóteles, por exemplo, foi o mestre de Alexandre, o Grande. Já na Idade Média, artesãos mantinham diversos aprendizes em suas oficinas com o intuito de repassar seu conhecimento adiante, nas chamadas “corporações de ofício.”
A partir do século XV e XVI, com a ascensão da nobreza e, posteriormente, da burguesia, professores eram contratados pelos nobres para ensinar seus filhos em casa. Os assuntos variavam entre música, pintura, letras, ciências ou filosofia. O movimento Iluminista foi importante na formalização da educação e no surgimento das primeiras escolas, cujo modelo incorporava o quadro negro, as cadeiras enfileiradas e direcionadas ao professor, que é mantido até hoje na maioria dos centros de ensino.
No Brasil, os jesuítas podem ser considerados os primeiros educadores formais que seguiam o modelo iluminista de ensino. Com o intuito de catequizar e converter os nativos da região, os jesuítas alfabetizaram os índios para que fossem capazes de ler e interpretar a Bíblia. Por causa da colonização portuguesa e espanhola e da forte influência católica, os primeiros grandes colégios do Brasil foram fundados em instituições religiosas, geralmente junto a conventos. Padres e freiras costumavam lecionar, e as turmas eram separadas entre meninos e meninas.
Ainda no final do século XIX os homens ainda eram predominantes no ato de lecionar. A partir das primeiras décadas do século XX, a tradição do magistério se voltou como uma profissão majoritariamente feminina, principalmente nos níveis infantil e fundamental. A carreira para o magistério era quase unanimidade entre as estudantes que completavam o antigo ginásio. Atualmente, apesar de ainda serem minoria, os homens ocupam um espaço cada vez maior na educação infantil. E as mulheres, por sua vez, estão presentes também no ensino médio e universitário.
A função de ensinar, segundo Paulo Freire, “não se resume a injetar informações aleatórias aos alunos, de modo a torná-los passivos no processo de aprendizado”. O bom professor contribui para que cada aluno seja coautor do seu próprio processo de aprendizagem, desenvolva em si o desejo do saber, encontre a melhor forma de compreender os conteúdos e tenha uma visão crítica sobre aquilo que está aprendendo. O professor não é aquele que se coloca em cima do pedestal do saber, mas aquele que compartilha e torna o conhecimento acessível a todos.
A profissão de professor é em si desafiadora, pois demanda renovação constante, empenho e disposição para encarar novas questões e, essencialmente responsabilidade para transformar o aluno em um cidadão mais preparado para o mundo. Por isso, não basta ser professor, é preciso sentir-se professor, viver e exercer com paixão a maravilhosa arte de ensinar.
Por Mônica Bulgari, Paloma Domingues e Rosângela Curvo Leite
________________________________________________________________________________