A voz é uma importante forma de interação entre o homem e o mundo., usada por todas as pessoas em distintos contextos. A propósito, mais de 30% dos indivíduos usam a voz como seu principal instrumento de trabalho. Em um encontro pessoal ou profissional, por exemplo, a voz é uma das primeiras fontes de informação sobre o indivíduo. Por meio dela, transmitimos e interpretamos mensagens e sentimentos (ansiedade, nervosismo, credibilidade, segurança), isto é, a voz identifica a pessoa, assim como sua fisionomia e impressões digitais.
A voz é o resultado da combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, portanto, está presente na representação dos vários papéis sociais que as pessoas desempenham no seu dia a dia. Por exemplo: no ambiente profissional, deseja-se parecer seguro, firme e assertivo. Em casa, em um ambiente mais tranquilo e confortável, geralmente não há tanta preocupação com a sonoridade da voz. Essa sonoridade, aliás, pode ser determinante no relacionamento interpessoal: uma voz forte, sonora e saudável prende atenção, é ouvida e apreciada. Já uma voz tensa, distante, com pouca energia pode distanciar o indivíduo do grupo.
De forma geral, espera-se que a voz seja audível, com boa sonoridade, ritmo e velocidade adequados, boa projeção e coordenação com a respiração, refletindo o equilíbrio das estruturas do trato vocal. Entretanto, nem sempre as condições para o uso adequado da voz estão disponíveis. Condições do ambiente de trabalho (acústica, nível de competição sonora ambiental, umidade, poeira), características do trabalho (muito tempo de fala durante elevada jornada de trabalho) e falta de preparo ou treinamento são fatores que podem contribuir para o abuso vocal, gerando alterações em diferentes níveis de frequência e severidade.
Mas, como a voz é produzida?
A voz é produzida pela passagem do ar que sai dos pulmões durante a expiração e passa pelas cordas vocais fazendo com que elas se aproximem e vibrem. Esse som sofre modificações ao passar pelo trato vocal (faringe, cavidade oral e cavidade nasal) projetando-se para o ambiente.
Principais sinais de alterações na voz
A população em geral desconhece os efeitos do uso inadequado da voz e o consequente desconforto causados por eles. Além disso, hábitos associados ao fumo, à ingestão de bebidas alcoólicas, exposição ao ar-condicionado, poeira, alergias respiratórias, estresse, ruído competitivo e predisposição genética propiciam o surgimento de patologias laríngeas, que podem prejudicar ou até mesmo impedir a atuação profissional.
A voz pode sinalizar que está sofrendo alguma alteração; por isso, é essencial ficar atento aos primeiros sinais:
- Voz rouca por vários dias;
- Voz mais rouca na sexta-feira e de boa qualidade após o descanso no fim de semana;
- Falhas na voz durante as conversações do dia a dia;
- Diminuição do volume da voz, gerando esforço para conseguir falar um pouco mais alto;
- Voz gradativamente mais grave (grossa), ao longo do tempo;
- Dificuldade em cantar;
- Muito cansaço (fadiga) vocal;
- Pigarro constante (necessidade de “limpar” a garganta);
- Dor ou desconforto na área do pescoço;
- Tosse seca persistente;
- Ardência na garganta;
- Sensação de corpo estranho (“bolo”) na garganta.
Se esses sintomas persistirem, é aconselhável que se procure um médico otorrinolaringologista, que adotará a conduta mais adequada, dependendo dos sinais e sintomas apresentados. O fonoaudiólogo especializado em voz é o profissional preparado para atuar na prevenção e na reabilitação de problemas vocais. Portanto, fique atento a essa preciosidade que é a sua voz!
Por Rosângela Curvo Leite
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