O uso de palavras estrangeiras tem se popularizado no cotidiano das pessoas. Tanto na comunicação oral quanto na escrita, é cada vez mais comum notarmos palavras de origem inglesa, francesa ou italiana em conversações informais, apresentações profissionais ou na troca de mensagens eletrônicas.
O aumento do uso de termos estrangeiros se explica como característica natural do processo de globalização e da ampliação das relações entre as diferentes culturas no mundo contemporâneo. Mas, afinal, quando se deve usar estrangeirismos?
Seria ingênuo pensarmos que só se deve usar uma palavra estrangeira quando não houver correspondente em português, pois, na realidade, nenhuma palavra é completamente equivalente à outra. Os estrangeirismos contribuem para que façamos novas distinções entre palavras (por exemplo, a palavra “gravar” pode significar tanto “gravar com um gravador ou filmadora” ou “salvar em um computador”, além dos significados já existentes de ambas as palavras). Em muitos casos, os termos em língua estrangeira já são mais usuais do que os próprios equivalentes em português. Um exemplo: é muito mais comum usar “feedback” do que “retroalimentação”. Na verdade, a utilização do termo em português soaria artificial e dificultaria a compreensão da mensagem por boa parte das pessoas.
Muitos estudiosos defendem a ideia de que os estrangeirismos devem ser aportuguesados, como já aconteceu com várias palavras. Antigamente, escrevia-se “abat-jour”, termo do francês. Hoje, se escreve “abajur”. Da mesma forma, “pic-nic” virou “piquenique”. Com “whisky”, o processo de aportuguesamento transformou o verbete em “uísque” e “stress” virou “estresse”. Quando acontece esse processo, as palavras são submetidas às regras ortográficas vigentes na língua portuguesa, inclusive com a busca de equivalentes do ponto de vista fonético.
No site do Senado há uma lista de palavras que já estão aportuguesadas. Embora a grafia de muitos termos estrangeiros não esteja aportuguesada, sua pronúncia já segue os padrões silábicos de nossa língua (por exemplo shopping é simplesmente [xópin], marketing é [márketin]. Quando se produz textos escritos, sugere-se grafar em itálico as palavras estrangeiras que ainda não tenham sido incorporadas ao português em sua forma original (bullying, spread, start-up); caso contrário, o itálico não se faz necessário (royalty, design, download). No que se refere a nomes de órgãos ou instituições (universidades, bancos, museus), pode-se traduzir ou explicar o nome da instituição ou compará-la a órgãos similares brasileiros (Universidade de Michigan ou Federal Reserve, o banco central americano).
Finalmente, além de socialmente relevantes, os estrangeirismos conotam modernidade, elegância e atualização. Mas, na dúvida entre usar ou não uma palavra em língua estrangeira, pondere os seguintes pontos:
– Há um equivalente em português que seja mais conhecido?
– No contexto em questão, o natural é usar o termo em português ou na língua original?
– Quando se faz a tradução, o sentido se distancia muito da palavra em língua estrangeira?
Depois de responder a essas perguntas, certamente, você se sentirá mais seguro para decidir qual é a melhor opção.
Por Fabiano Ormaneze e Rosângela Curvo Leite
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