Como a metacognição pode potencializar a aprendizagem
O final do ciclo da educação em salas de aula costuma significar, para muitos, também o término do aprendizado. A partir de então, muitas pessoas tendem a cair na ilusão de que aprenderam tudo que havia para aprender. Assim, param de estudar, abandonam cursos de aperfeiçoamento, perdem o hábito da leitura, pouco se interessam por atividades novas e/ou desconhecidas e acabam entrando em uma inércia perigosa.
Felizmente, Gonzaguinha estava certo ao celebrar a beleza da nossa condição de eternos aprendizes. Mas, talvez a padronização de métodos e de técnicas didáticas usados na educação formal seja um fator desmotivador para que muitos se sintam estimulados a continuarem aprendendo ao longo de suas vidas. Certamente, cada pessoa tem um ritmo e uma maneira diferente de assimilar informações e compreender conteúdos.
Segundo Kio Stark, autor do livro “Don’t Go Back to School” (Não volte para a escola) – uma obra sobre autodidatismo, o ponto crucial na questão da autoaprendizagem é o autoconhecimento. Segundo o autor, é essencial que cada um identifique seu próprio estilo de aprendizagem, para, assim, poder acelerar, otimizar e melhorar a qualidade desse processo.
A habilidade de aprender, portanto, deve ser encarada como atividade pessoal, contínua e inerente ao cotidiano. John H. Flavell, na década de 1970, foi o primeiro autor a definir o termo “metacognição” como o conhecimento sobre o próprio conhecimento, embora já remotamente Sócrates fazia uso dele, ao dizer “só sei que nada sei”. Ao longo do tempo, o significado de metacognição foi ampliado e passou a englobar também a faculdade de planejar e utilizar diferentes estratégias de aprendizagem, de dirigir a compreensão e de avaliar o que foi aprendido.
Resumidamente, portanto, a metacognição pode ser entendida como o conhecimento sobre o conhecimento e o controle e autorregulação do processo de aprender (capacidade de avaliar a execução da tarefa e fazer as correções quando necessário). Uma vez identificado o processo de aprendizagem individual, é possível traçar um caminho que potencialize as aptidões intelectuais específicas de cada pessoa. Inicialmente, verificar se a informação é ou não familiar, se está ou não bem organizada, se é ou não difícil, se tem relação com o objetivo pretendido, por exemplo, auxiliará a pessoa a transformar essa informação em conhecimento e a avaliar sua relevância e utilidade. Observa-se que há uma correlação significativa entre execução correta das tarefas e habilidades metacognitivas bem desenvolvidas, isto é, quanto mais o indivíduo souber avaliar suas dificuldades e/ou a ausência de conhecimento, mais próximo ele estará de superar esses obstáculos.
Em uma segunda etapa, o indivíduo deve conhecer a si mesmo como processador das informações, isto é, ter consciência de suas características pessoais e das estratégias que melhor se adequam a elas. Por exemplo: ele deve saber se aprende melhor lendo em voz, alta, fazendo um resumo, sublinhando palavras-chave de um texto, criando gráficos, fluxos. No dia a dia, aprende-se muito nas diversas interações. É possível obter informações novas em alguns minutos de conversa com outras pessoas, em que se conta uma história ou se compartilha um fato.
Outra maneira de estimular a curiosidade é usar as inúmeras ferramentas virtuais hoje disponíveis, especialmente, os aplicativos para celulares. Esses programas práticos, como o Delicious e Pinterest, facilitam a busca e organização de conteúdos da internet. Essa é uma forma moderna de estar sempre atualizado e aprendendo continuamente. Assim, é suposto que a prática da metacognição conduza uma melhoria da atividade cognitiva e motivacional e, portanto, a uma potencialização do processo de aprender.
Por Mônica Bulgari, Rosângela Curvo leite e Vivian Rio Stella
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