Nas últimas décadas, a definição sobre o que é uma pessoa alfabetizada tem sido discutida e modificada. Até o ano de 1958, a UNESCO definia alfabetizado como o indivíduo capaz de ler e escrever mensagens simples. Após 20 anos, foi adotado o termo “alfabetismo funcional” para denominar indivíduos que não apenas conseguem escrever e ler seu próprio nome ou pequenas frases, mas sim, interpretar o sentido do texto, imagens, gráficos, ou seja, fazer uso dessa habilidade em diversas esferas sociais. No Brasil, o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa divulgam bienalmente o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF), cujo objetivo é analisar e mensurar a habilidade de leitura, escrita e matemática e considera quatro níveis de alfabetismo:
1. Analfabetos: não conseguem ler textos simples;
2. Alfabetizados de nível rudimentar: localizam informações em textos curtos;
3.Alfabetizados de nível básico: compreendem textos de média extensão, resolvem problemas;
4. Alfabetizados de nível pleno: não têm problemas em compreender textos longos, avaliam informações, realizam análise crítica, interpretam tabelas, mapas e gráficos. Seguindo essa classificação, são considerados analfabetos funcionais os indivíduos situados nos dois primeiros níveis. Essa parcela da população, cujo traço característico é a falta de hábito de ler livros ou a escolha de apenas um tipo de leitura, passou de 61% em 2001 para 73% em 2011, de acordo com o INAF.
Somente um em cada quatro brasileiros está no nível de alfabetismo pleno e apenas 25% dos brasileiros economicamente ativos dominam habilidades de leitura, escrita ou de cálculos, necessárias para suas atividades cotidianas de trabalho, ainda que muito deles possuam ensino superior. Percebe-se, portanto, que o Brasil não atingiu um nível satisfatório no domínio pleno da alfabetização, condição essencial ao indivíduo para inserção na sociedade letrada e na ascensão social.
Para mudar essa situação, é preciso investir na alfabetização plena durante a fase de educação básica e incentivar e promover o acesso à cultura, informação e leitura. Construir escolas bem equipadas e de livre acesso ao público, infraestrutura acolhedora para toda comunidade e principalmente, professores qualificados e valorizados, que entendam e respeitem as particularidades e o tempo de aprender de cada criança, são algumas das mudanças que podem reverter esse cenário desanimador. Para aqueles que já estão no mercado de trabalho, incentivos desenvolvidos pelas próprias empresas, como terminais de acesso à internet para fins de pesquisa, acervo de jornais, revistas e livros disponíveis, treinamentos coorporativos de qualidade na área de leitura, escrita e comunicação são iniciativas importantes que podem mudar esse quadro.
Mas, sem dúvida, a disposição e persistência do colaborador são fundamentais para o aprimoramento da habilidade de leitura. Para que possamos nos tornar uma potência, precisamos combater o analfabetismo funcional. Assim estaremos formando cidadãos com senso crítico e capazes de verdadeiramente contribuir para a avanço social, econômico e político do país. Só com a alfabetização plena é que o Brasil será um lugar respeitado e, de fato, desenvolvido.
Por Ana Paula Francisconi, Mônica Bulgari, Rosângela Curvo Leite e Vivian Rio Stella.
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