O rock and roll teve origem nos Estados Unidos, em meados do século XX. O gênero nasceu a partir da combinação de elementos de ritmos marginais, como o Rythym and Blues (R&B), o gospel, o blues e o jazz. Em meio a um cenário de fervor da sociedade estadunidense pós-guerra, implodiu-se o inconformismo sobre questões políticas e sociais, como as guerras, o preconceito racial e a liberdade de expressão. Nesse contexto, o rock surgia, sobretudo, a partir de um ímpeto pulsante de transgredir paradigmas em uma sociedade cujos principais pilares de desenvolvimento baseavam-se em conflitos bélicos e no consumo.
Não existe um evento específico que seja denominado o marco inicial do rock, mas foi durante o final dos anos 1940 e início da década de 1950 que seus primeiros lastros têm registro. Nomes como Chuck Berry e Robert Johnson entoaram os primeiros compassos musicais característicos do gênero (a divisão 4/4, 12/8 ou 3/4) em bares ou tavernas, longe do mainstream das casas de show. Em 1954, em meio à disseminação de casas noturnas e do ritmo dançante do rockabilly pelo território estadunidense, o jovem cantor Elvis Aaron Presley gravava suas primeiras canções em estúdio. Elvis impressionou a indústria fonográfica com o ônus de sua voz, cuja extensão raramente é encontrada em cantores populares. Ele enlouquecia e provocava o público com movimentos nunca antes performados.
Em uma de suas apresentações para um programa de TV, o cantor teve de ser filmado da cintura pra cima, por causa da censura em relação aos seus movimentos sensuais de dança. Elvis incorporou em si o espírito inquieto do rock. Sua personalidade conturbada e vaidosa ajudou a edificar o mito envolto a sua imagem. Por isso é considerado, até hoje, o “rei do rock”.
O mercado fonográfico logo percebeu o potencial desse gênero explosivo. Elvis foi o primeiro grande nome a ser explorado pela indústria dos LP’s. Mas foi no início dos anos 1960 que surgiria o maior fenômeno da música popular mundial: os Beatles. Não só suas composições traziam mudanças ao gênero, mas principalmente a exploração de outros atributos midiáticos, como a aparência dos integrantes da banda (os cabelos e suas roupas) e a estética de sua discografia (os LP’s constituem uma fatia fundamental na venda das músicas). Musicalmente, os Beatles foram pioneiros na exploração de refrões “chicletes”, com rimas simples e de fácil memorização, acrescentando um viés pop às suas músicas. As décadas de 1970 e 1980 foram os anos do rock psicodélico, estilo que se aproximou do movimento hippie e se distanciou da lógica comercial. O arrojo revolucionário volta forte no rock nessa década, com performances históricas de estrelas do gênero.
Jim Morrison, vocalista do The Doors, costumava desafiar a polícia em seus shows, por meio de provocações diretas em cima do palco, fato que o levou à prisão diversas vezes. Jimi Hendrix, outro expoente, ateava fogo em sua guitarra como forma de protesto. O festival de Woodstock, que aconteceu no ano de 1969 e reuniu nomes como Janis Joplin, The Who, Jefferson Airplane e Joe Cocker, sintetizou o espírito da música da época. Milhares de pessoas derrubaram as cercas que delimitavam o acesso aos shows, e acompanharam as atrações dos três dias do festival, protagonizando uma das cenas mais icônicas da história da música.
Com a chegada do punk, na década de 1980, a agressividade tomou o lugar da ideologia Paz & Amor defendida anos antes. Nomes como o Sex Pistols, Ramones e The Clash utilizavam-se de poucos e simples acordes em suas músicas de batidas rápidas e paletadas agressivas e ruidosas. Suas letras baseavam-se em problemas sociais, como a violência, as drogas ou ideologias revolucionárias. Embora o caráter transgressor do rock não exiba tanta potência nos dias de hoje, e o próprio gênero esteja enfrentando um período de estagnação criativa e inovadora, o legado deixado por sua história até aqui é inspirador e motivador. Apesar de o rock ter perdido espaço para outros gêneros na grande indústria do entretenimento, como pop music, a black music e o sertanejo, hoje o acesso à produção musical e ao trabalho de bandas independentes fornece espaço e oportunidades para músicos divulgarem seu trabalho sem ter que se submeter à pressão de grandes gravadoras.
A essência do rock, desde seu surgimento, é a própria transgressão, o desafio diante cenários adversos. A busca pela liberdade, pela igualdade e pela luta social ganham força. Ouvir grandes álbuns da história do rock como Highway 61 Revisited, do Bob Dylan, ou The Wall, do Pink Floyd, é manter e cultuar valores de mudanças que não podem ser deixados de lado. O rock é um gênero musical de luta. No Dia Mundial do Rock (13 de julho), cultuemos os deuses que desafiaram os limites de sua época.
Por Mônica Bulgari
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