Comumente, relaciona-se o índio a uma figura lúdica, que habita o universo dos livros didáticos ou literários ou ambientes longínquos e desconhecidos. Por isso mesmo é um povo que sempre desperta atenção e curiosidade, dadas as diferenças de seus hábitos, costumes e tradições se comparadas à sociedade e outras comunidades brasileiras. Mas é preciso saber e perceber que os índios estão mais próximos do que se imagina.
Segundo dados do Censo 2010 (IBGE), do ponto de vista do espaço físico, existem no Brasil 324.834 índios vivendo na zona urbana, o que equivale a 36,2% dos indígenas no país (de um total de 896.917). Somente no sudeste, são 99.137. Índio, portanto, não é exclusividade da Amazônia, como “presume” o senso comum. Por ocupar zonas urbanas, essa população vem sendo inserida em modelos de trabalho muito parecidos com aqueles executados pelo restante dos brasileiros, o que gera uma aproximação ainda maior entre indígenas e não indígenas.
Existem hoje habitantes de tribos que exercem as mais variadas funções: professores, técnicos em farmácia, barqueiros, cineastas, editores de áudio e vídeo, etc. A capacitação desses profissionais indígenas ocorre por meio de cursos oferecidos por órgãos públicos e privados e por organizações não governamentais. A intenção é capacitar o indivíduo para que ele possa ajudar os próprios integrantes da tribo a ter acesso à educação e saúde e para auxiliar pesquisadores das mais diversas áreas, especialmente da linguística e da educação.
A FUNAI (Fundação Nacional do Índio), por exemplo, oferece, anualmente, oficinas de “Formação de Pesquisadores Indígenas”, na Reserva indígena Kapôt – Jarina (MT). O objetivo é formar índios que possam realizar o trabalho de documentação das línguas e das culturas indígenas de forma mais autônoma e sem a interferência do pesquisador não indígena. As oficinas são ministradas por profissionais qualificados que assessoram os alunos na produção de livros didáticos, DVDs e CDs. Essa experiência gera, portanto, a inserção dos índios no mundo da pesquisa, ciência e tecnologia.
Com essa nova realidade, a população indígena está cada vez mais próxima do modelo de vida predominante no país – fato que leva a outras discussões: não seria preciso preservar a cultura das tribos, em vez de “contaminá-las” com outros modelos de vida? Ou optar pelo “isolamento” seria uma forma de exclusão social? Essa troca de ensinamentos é necessária e saudável igualmente para ambos os lados? As respostas certamente não são fáceis. Mesmo assim, é preciso ter consciência de que, ao falar de índios, estamos falando do Brasil, e não de uma temática distante que não nos diz respeito. E os povos indígenas, cada qual com suas peculiaridades, têm muito a nos ensinar.
Para saber mais sobre os indígenas no Brasil, acesse os sites: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tapayuna, http://doc.museudoindio.gov.br/prodoclin/, http://www.museudoindio.org.br/, http://www.socioambiental.org/, http://www.funai.gov.br/portal/, http://www.flickr.com/photos/institutocatitu/e http://www.videonasaldeias.org.br/2009/.
Por Nayara da Silva Camargo e Paloma Domingues
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